quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O problema

O problema sou eu querer sempre muita coisa para ontem ao mesmo tempo; ou seria os outros se acomodarem e passarem a não querer nada?

Porque eu quero sim! Muita coisa, muitos momentos, muitas lembranças, muitas paixões, muito de quase tudo.

As vezes em que deixei de querer, fosse por imposição da vida (se bem que, na minha visão, a vida não impõe nada. Deixamos acontecer.) ou por descuido da minha alma, eu morri.

Perdi pedaços, me descosturei, me parti. E reconstrução é processo complicado.

Por exemplo, nesse momento eu quero um emprego que me liberte aos finais de semana. Quero viajar para o Chile. Quero terminar jornalismo, começar publicidade. Quero que ser notada por alguém interessante.

Quero uma barriga negativa, voltar a malhar, ter dinheiro no banco e contas em dia.

Mas quero, e isso estou desejando com afinco, me apaixonar perdidamente. Sabe? Sentir calafrios, coração disparado, sorriso bobo, olhar perdido, enxergar qualidades, descobrir defeitos, ficar ofegante, ter a boca seca de vontade de dar um beijo, mesmo que selinho.

E, como se não bastasse desejar tanto os 5 pneus arriados, quero ser correspondida.

Chorar, sangrar, curar, sorrir, brincar, correr, pular, dormir, deitar, dançar, cantar, rir, brigar, lutar, beijar, gozar, irritar, sofrer, perder, ganhar, encantar, admirar, desejar, enlouquecer, gritar, esperniar, sussurrar, calar, doar, receber, entregar, cobrar, envolver, enebriar, embriagar, sair, voltar, ficar, vibrar, reverberar, emocionar, sonhar.

E qualquer outro verbo ligado (direta ou indiretamente, transitivo ou intransitivo, desde que não ofensivo, agressivo ou violento) ao item paixão, tão displicentemente largado em minha lista de desejos.

"- Mas, Elaine, você já falou que de amor e uma cabana não dá para viver!"

Não, não dá. Para mim, é preciso planos, dinheiro, objetivos, projetos, pensar no hoje e no amanhã etc.

No entanto, não vejo ninguém construir uma vida a dois sem amor e uma cabana.

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