segunda-feira, 28 de maio de 2012

Querido Diário #3

Eu chorei. As lágrimas borravam a maquiagem e chamavam a atenção dos transeuntes.
Primeiro, chorei por ter baixado a guarda. Pura recriminação de mim mesma.
Depois esfriei. Como se tivesse sido atingida por nitrogênio liquido. Algo em mim congelou, ficou apático.
Eu me sentia perdida. Eu queria me perder. Simplesmente andar. Rumo, para que?
Escolhi o caminho mais longo e confortável para casa. Voltei sozinha, com a face marcada pelo segundo choro. Aquele que veio naturalmente ao ler as mensagens.
Então veio o sono, minha alma adormeceu tentando se equilibrar.
Nova onda de apatia me invadiu, até ser quebrada pelo terceiro derramar dos olhos. Uma mistura de solidão, conformismo e descrença me fizeram acordar dolorida.
Por fim, o silêncio tomou conta e começou a organizar a bagunça. A frieza veio novamente, acompanhada pela lógica, congelando os sentimentos e libertando um jorro de ideias.
Comecei a reviver, do final para o começo.
Não explodi. Não surtei. Não praguejei.
Eu ouvi, fiz um esforço gigante para assimilar, perguntei, não obtive resposta.
Perdi a paciência e soltei algumas farpas. Nada comparado ao ouriço que seria em outras épocas da vida.
Eu já sabia que seria problema antes de começar. Minhas hipóteses eram outras, mas acertei a medida exata da dor.
Tranquei os portões. Subi a guarda. Pedi ao gelo que ficasse um pouco mais. Assumi o silêncio da minha alma e do meu corpo. Voltei para os objetivos iniciais. Retomei estrategias. Fechei-me.
Assim me sinto segura.
Não, não quero dividir nada com ninguém. Não sei explicar porque, como ou quando começou esse hábito. Mas guardo minhas dores dentro de mim.
Sem falas, conversas ou perguntas.
Eu me curo daqui. Quando estiver pronta, sairei do casulo. Por favor, respeite.

Se há retorno? Só para aqueles que decidem o que querem e tomam uma atitude. Lutam pelo que anseiam. Há volta somente para quem é capaz disso.

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