terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Está preparado para o turbilhão de pensamentos e sensações?

- O que você está fazendo aí na penumbra?
- Escrevendo... Se não escrever, eu explodo.
And every demon wants his pound of flesh...

Talvez, se você chegar aos 30 com todos os seus grandes anseios de infância/puberdade/vida saciados, ser balzaquiana seja só mais uma etapa e não te afete em nada. Você só vai precisar ativar a expansão do jogo da vida e semear novos sonhos no seu coração. Não é bem o meu caso.
Conheço pessoas abençoadas que conseguiram esse feito. Não desejo a história delas para mim, não somos a mesma pessoa. Porém me ressinto do patamar que alcançaram. Por que não eu, sabe?
Sei, escolhas.

Em diferentes momentos da minha vida, eu projetei uma Elaine. Eu a imaginei como se já existisse, narrando pensamentos e decisões no passado, como ações já efetivamente realizadas. Talvez seja esse o meu engano: falha grave de PNL.
E eu sinto falta de tanta coisa... Tantas memórias construídas só no terreno da imaginação, nunca trazidas para a realidade. Há tanto desperdício de energia na história da minha vida!
Eu fui destruída e reconstruída tantas vezes, fiz tantas expedições tentando me encontrar enquanto me escondia. Tem tanta cicatriz, tanta mágoa, tanta poeira escondida embaixo do meu tapete. E eu fico repetindo que tudo isso me fez forte. Será? Se sou forte, por que a insegurança? Por que o medo?
Eu melhorei bastante, fato. Tenho orgulho de como estou hoje, principalmente quando olho para trás e vejo de onde vim, o quão doloroso foi o trajeto. E o quão feliz. Sempre me considerarei uma pessoa feliz, provavelmente porque a ideia de ser uma alma infeliz é aterradora. Ser infeliz soa como uma maldição, não admito mais drama do que o habitual. Acredite, tenho muito drama na minha caixola. Consigo tornar qualquer situação banal em uma tempestade de areia, machucando cada pedacinho de mim no processo.
Estou perdendo o fio da meada, pra que lado fica o norte mesmo?
Eu ando com raiva. Pesada. Bagunçada. Eu tenho lembrado de fatos do meu passado, revivido momentos, sofrendo de novo e me perguntando o que fiz de tudo isso. O que fiz com meus outros pedaços? Onde eles se encaixam?
Não, não é a mesma coisa que aconteceu há 12-13 anos atrás, quando a pessoa que me encarava no espelho era completamente desconhecida. Eu me reconheço. Sinto o peso da idade na minha existência. Eu consigo vê-lo na textura da minha pele, no formato de meus dedos, no meu olhar. Não considero uma relação negativa com o tempo, mas a consciência de que ele passa e preciso ser mais esperta que ele. Não é fácil. Mas eu sou eu.
É só que tem esse pedaço de mim que anda com muita vontade de sair. Quanto mais tempo fica trancado, com mais raiva fica. Estou carregando um Hulk na alma, pronto para dar um smash na realidade.
O fluxo de pensamentos também está enlouquecedor. Exige muita concentração transformar a teia pulsante em textos. A falta de prática tem uma grande parcela de culpa... Há quanto tempo não escrevo? Há quanto tempo não liberto meu espírito e o deixo voar entre caracteres e dizeres?
Não entenda essa bagunça aqui errado. Eu subi mais degraus e tracei mais metas na minha vida profissional nos últimos 2 anos do que na minha vida inteira. Eu tenho aprendido com avidez e me deliciado com os ensinamentos e descobertas. Mas ainda não sei responder qual é o meu objetivo de vida, profissionalmente falando. Eu ainda penso em uma casa com quintal, varanda, bichos, crianças correndo, colorida, cheia de alegria, cumplicidade, união quando me fazem essa pergunta. Ainda há mais romance em mim do que lógica.
E eu encontrei uma pessoa diferente. Uma pessoa fora da caixa, do uniforme. Um ninho. E já são quase 3 anos abrigando um ao outro, nos melhores e piores momentos. Aparando arestas e seguindo firme na corda bamba do amor. Eu não trocaria essa relação por nenhuma outra - me torna uma pessoa melhor diariamente.

Mas ainda tem esse Hulk preso no peito. Querendo mais. Faminto por mais. Desesperado por sair. Por romper grilhões. Impaciente, desgostoso, selvagem. Revirando meu cemitério de sonhos, ideais, grandes anseios, memórias doridas... Rasgando tudo. Cobrando tudo. Como um professor na prova final, afirmando que a próxima fase só vem depois que eu acertar toda a prova, todas as questões.
Eu tenho algumas dúvidas. Tenho? Ou me agarrei a isso com medo de atravessar o portal?
Eu tenho muitas pendências. Tenho? Se são minhas, seguirão comigo aonde eu for, não? Até que eu as resolva.
Os 30 estão chamando todas as minhas frustrações, toda a minha existência, todo o meu pesar pro ringue. Tudo que tenho é um par de luvas de boxe. Eu não sei lutar. Eu não tenho escolha. É a década de encaixar todos os meus pedaços perdidos. A porrada é intensa. Preciso proteger minhas conquistas, meu porto seguro, enquanto luto. Não há escapatória.
Não se engane, a crise dos 30 existe e pode tirar o seu sono. Te asfixiar. Não irá embora com o próximo aniversário. Ela chegou com o retorno de saturno e vai questionar cada micro segundo da sua vida até você se aprumar. São 10 anos de conflitos internos, guerras pessoais e novas conquistas. É difícil pra c******. Não se entregue, não desista. Faça o seu melhor e vá além de sobreviver: viva.

...it's always darkest before the dawn

Um comentário:

angel red disse...

Cara, que foda! Mt de mim aí.