quarta-feira, 23 de março de 2016

Querido diário #5



- Você sumiu, não falou mais nada... Achei que precisasse de espaço.
- Não, eu precisava era de apoio. Mas você não perguntou.

Não consigo entender essa despreocupação, esse desapego. a minha ansiedade não me permite captar. Alguns dias de silêncio de um(a) amigo(a) com quem falo sempre já deixa meu coração batendo apertado. E o único motivo para não perguntar se está vivo(a) é se eu mesma estiver morrendo.
Não se engane, eu sou de peixes com lua em libra e vênus em aquário. Eu morro no mínimo uma vez por mês, às vezes de forma quase imperceptível, outras com muito drama. E raramente eu quero espaço. Espaço para que? Para remoer e reviver todos os problemas, reclamações e mesquinhezas de forma apoteótica repetidamente? 
Espaço é para quando estou me recuperando, não quando estou lá, mergulhada na fossa.

- O que você espera que eu faça?
- Que se preocupe. Ninguém pode viver minha vida e resolver minhas questões por mim, sou consciente. Mas pode aconselhar, pode apoiar, pode abrigar em um abraço. E, puta que pariu, como faz falta um maldito abraço apertado!

Muitas vezes tudo o que a gente precisa é saber que alguém se importa. É sentir que alguém se preocupa. Sentir implica uma atitude. Tem tanta coisa simples que pode salvar uma vida... É tão dolorida essa sensação de desimportância, de tanto faz... Nesses momentos, bastaria algo mais ou menos assim:

"Oi! Você está bem quietinha ultimamente, então passei para saber se está tudo bem. Talvez esteja produzindo muito, ou com a rotina pesada, mas pode ser que não esteja legal. Se for isso e quiser trocar uma ideia, dar risada, chorar ou precisar de colo, tô sempre por aqui, tá? Mas se preferir continuar quietinha na toca por enquanto, eu respeito. Só me avisa que está viva. Bjks".

Tão simples, né? Mas causa uma sensação tão boa, traz um calor tão importante para alma. Faz um bem que pode ser o único alento em um período muito ruim. E se a pessoa quiser mesmo espaço, ela vai dizer, com todas as letras:

"Juro que tô viva, pessoa. Realmente não estou muito bem, mas ainda prefiro ficar quietinha. Daqui a uns dois, três dias a gente troca uma ideia, tá? Obrigada pelo carinho, estava precisando disso!"

- E por que você não pediu abraço?
- Será que eu não pedi mesmo? Será? Pode ser um desejo injusto que perceba minhas dores e me ampare... Mas você foi capaz de perceber minha ausência e não fez nada, por quê?

Vai ver sou só eu que me chateio com isso. É, provavelmente seja só eu. Deve ser uma dessas coisas que a gente nasce precisando expurgar. É, possivelmente é isso.

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