segunda-feira, 11 de julho de 2016

Sobre escrever 3

Há quem escreva por obrigação. Quem tenha transformado a escrita em ofício – como eu desejo isso! Tem os que consideram escrever uma arte ou chamam a escrita de vício. Para mim, escrever é liberdade.
Minha escrita é viva. Voraz. Não há grilhões capazes aprisiona-la. Faz parte de quem eu sou desde sempre, elemento essencial da minha identidade – se passo muito tempo sem escrever, me perco, sequer me reconheço.
Quando preencho o vazio da tela ou da folha com palavras, eu abro portais para outros mundos existentes apenas na minha alma. Onde inúmeras versões de mim mesma sopram ideias em meus ouvidos, ansiando ganharem voz através de meus dedos. É uma sensação única materializar seus sussurros em frases, contos, poemas. Mas é torturante quando decidem me contar as histórias mais interessantes enquanto estou embaixo do chuveiro – acontece com certa frequência.
Percebo agora se tratar de uma relação contraditória, tendo em mente o quanto escrever se tornou uma necessidade ao longo da minha existência. Talvez se pergunte como posso afirmar que a escrita me liberta sendo tão dependente dela. Bom... Da mesma forma que pássaros dependem de suas asas para voar, é a melhor explicação.
“E ses”, devaneios, confissões, escrevendo deixo vazar tudo que exacerba dentro de mim. E, veja bem, essa não é a melhor parte. O mais impressionante na escrita é o poder de tocar outras pessoas. Um escritor pode entrar na sua casa, deitar em sua cama e te transportar mesmo para os lugares mais inóspitos – ah, não se engane, admita para si mesmo que irá de bom grado! Boas histórias te apresentam ideias, pessoas, lugares, criam pontes entre seus sentimentos e as palavras. Sabe aquele pensamento: “eu poderia ter escrito isso!”? Quem nunca?

É a terceira vez que escrevo sobre minha relação com esse verbo tão querido: escrever. Essa definição nunca muda. Escrever, para mim, é ser livre de verdade.

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