Há quem escreva por obrigação. Quem tenha
transformado a escrita em ofício – como eu desejo isso! Tem os que consideram
escrever uma arte ou chamam a escrita de vício. Para mim, escrever é liberdade.
Minha escrita é viva. Voraz. Não há grilhões capazes
aprisiona-la. Faz parte de quem eu sou desde sempre, elemento essencial da
minha identidade – se passo muito tempo sem escrever, me perco, sequer me
reconheço.
Quando preencho o vazio da tela ou da folha com
palavras, eu abro portais para outros mundos existentes apenas na minha alma. Onde
inúmeras versões de mim mesma sopram ideias em meus ouvidos, ansiando ganharem
voz através de meus dedos. É uma sensação única materializar seus sussurros em frases,
contos, poemas. Mas é torturante quando decidem me contar as histórias mais
interessantes enquanto estou embaixo do chuveiro – acontece com certa frequência.
Percebo agora se tratar de uma relação contraditória,
tendo em mente o quanto escrever se tornou uma necessidade ao longo da minha
existência. Talvez se pergunte como posso afirmar que a escrita me liberta
sendo tão dependente dela. Bom... Da mesma forma que pássaros dependem de suas
asas para voar, é a melhor explicação.
“E ses”, devaneios, confissões, escrevendo deixo
vazar tudo que exacerba dentro de mim. E, veja bem, essa não é a melhor parte.
O mais impressionante na escrita é o poder de tocar outras pessoas. Um escritor
pode entrar na sua casa, deitar em sua cama e te transportar mesmo para os
lugares mais inóspitos – ah, não se engane, admita para si mesmo que irá de bom
grado! Boas histórias te apresentam ideias, pessoas, lugares, criam pontes entre
seus sentimentos e as palavras. Sabe aquele pensamento: “eu poderia ter escrito
isso!”? Quem nunca?
É a terceira vez que escrevo sobre minha relação
com esse verbo tão querido: escrever. Essa definição nunca muda. Escrever, para
mim, é ser livre de verdade.
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