quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sobre Escrever, mais uma vez

Às vezes é incrivelmente fácil.

As letras parecem combinar entre si e as palavras brotam na folha em branco, se amontoando em frases, num processo praticamente automático, dando forma às ideias e emoções vivas dentro da minha mente. O texto nasce sozinho. Quando dou por mim, já está na tela, contando a qualquer leitor disposto um pouco do universo caótico guardado dentro de mim.

Noutros momentos escrever é um extenso trabalho de parto.

As emoções colidem entre si, a ansiedade explode, os neurônios se agitam, aflitos com a história que fermenta e cresce presa dentro da mente. A dor de cabeça vem, intensa, como se os personagens socassem, chutassem, forçassem a caixa craniana, desesperados por liberdade, sufocados. Mas as letras não obedecem, não se juntam. Seguem como códigos indecifráveis, fora da ordem alfabética, desprovidas de liga e de sentido. Os ponteiros do relógio seguem seu bailado ritmado e o coração dispara.

Muita pressão.
Muito sentimento.
Muito tudo.

Escrever é desnudar a alma. Sempre.

SEMPRE.

Mais do que palavras, uma parte da alma do escritor segue em cada texto. Cada personagem é uma faceta diferente do que se é ou do que se gostaria de ser.

O momento de transportar uma história de dentro de si pro mundo pode ser apavorante.
Bem, pelo menos pra mim.

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